segunda-feira, fevereiro 18

ainda há o que se apagar

Me parecia um assunto cretino. Mesmo assim pensei que a idéia era genial, quer dizer, era genial na minha cabeça, e embora eu soubesse bem isso, soubesse que no papel ia ficar uma porcaria, embora eu soubesse, não adiantou. A certeza é tanta quando me veem na mente que é impossível resistir. Era aparentemente perfeito. Corri desesperadamente tentando encontrar um papel, alguma coisa que pudesse ser registrada. Não achei, cansei, desisti. Acreditei que minha memória não iria me trair, ó infeliz memória, cretina, vagabunda, pelo menos dessa vez me seja fiel. Bolei planos maléficos pra usar com essa minha idéia. Repeti ela mentalmente até me cansar. Pensei em chavões que fossem impossíveis esquecer. Fui dormir concentrada, pensando nela.

Mas no outro dia, pra desespero total, acordei e procurando a minha fabulosa idéia, descobri o mais terrível dos resultados. Haviam me sabotado. Roubaram meu fabuloso próximo e marivilhoso projeto. A minha memória havia pulado a cerca. Insisti durante horas, até concluir, desapontada, dilascerada, estupefada: eu esqueci.

6 comentários:

Sandrinha disse...

Ou seja: as vezes, as idéias são boas de pensar, realmente.

Mas acho que de tão ruim que ficariam no papel, elas vão embora.

Só que há sempre alguém que as pega no ar e pode transformá-las em algo melhor do que a idéia original. Se bem que, muitas, muitas vezes, sai pior do que o planejado! rs

Se cuida.

Gabriela disse...

adorei!
isso me acontece quase sempre.
às vezes as idéias vêm quando tô na cama e perco totalmente elas quando acordo além de ganhar uma noite mal dormida e olheiras do cão;

Renan Ramiro disse...

hahahaha
EXATAMENTE!
Sempre acontece e dá uma raiva fantástica.

Mas é por isso eu durmo com meu bloquinho de notas do lado hoje em dia...

Anônimo disse...

Hahahaha...

Muito bom!

Anônimo disse...

Que maravilha então!

:]


(Leio-te já à um bom tempo. . .)

Amanda disse...

gostei desse texto, Luisa.
acho bacana quando as coisas dão um montão de voltas pra depois cair no simples "eu esqueci".