segunda-feira, julho 30

Minha Luisa

Minha Luisa se perdeu, procuro ela por alguma esquina dessa cidade qualquer, mas me contento com minha presença-fantasma enquanto ainda sobrevivo.Ela era doce, e seus sorrisos eram sinceros, podia ver por trás deles a pureza e a inocência que trazia consigo. Seu coração era cristalino, permitia a todos sentí-la amável e feliz. Hoje minha Luisa fugiu, não levou os sorrisos porque eles não a pertencem mais, e seu coração foi roubado por um moço qualquer que passou frente a ela. Minha Luisa não resiste aos encantos de corações poetas, mesmo a distância reconhece eles, e se entrega, se ajoelha, foge de mim. Insisto em procurá-la, afinal é o que manda a pouca lucidez que tenho desde que ela se foi. Sei que a acharei mais cedo ou mais tarde, ela sempre volta embora não queira. Embora também não me queira. Mas ela me pertence, é a minha Luisa, que eu não tenho mais.

sexta-feira, julho 20

La Lumière

Enquanto ele tinha a lanterna e continuava parado frente a ela, olhando-a como se fosse uma obra de arte, que permenacia perdida vagando por entre a ausência de luz, ela deu mais um passo em meio a escuridão. Ficou esperando algo que pudesse enxergar, mas ele ficou ainda imóvel espiando seus passos que cambaleavam, e deslumbrado com o brilho que ela irradiava no escuro via que podia fazer mais, mas ficou ali se entretendo com sua patética presença.

Ela estava distraída e enquanto chorava encontrou os olhos dele, sem saber da indiferença se instalou nos seus braços, e ele sem se importar deixou que invadisse seu coração e seus olhos gritando sinceridades o fizeram sentir-se culpado por tudo aquilo que não fizera antes.

E ela roubou a lanterna e agora ele se via dando passos em meio a escuridão, sabendo que havia alguém com a luz, mas cessou a busca, permitindo afundar-se na tristeza com o sentimento de que não havia ser suficientemente disposto a ajudá-lo, e mergulhou sozinho como se pagasse por seu castigo.