segunda-feira, novembro 12

pintura de mim

e de repente parece que invadiram a sua festa e disseram ACABOU.

acabou? até que ponto eu me iludo, até que ponto alguma coisa realmente existe. existiu. a tua real posição me assusta, e eu ainda a desconheço. não revele, perde a graça. a coisa mais banal ganha encanto quando não revelada. eu tinha que decorar os textos. foda-se os textos, aquela coisa chamada tristeza me invadiu de novo, o que se faz? se aceita. é isso que eu digo pra mim todo dia, mas na hora não sei, na hora parece que morri um pouco e não consigo reagir, não consigo nem aceitar e nem não aceitar. inércia é exagero, mas me sinto meio atordoada, meio tonta, caminhando sem direção. eu estou sentada. eu tinha que fazer tanta coisa, estudar, me esforçar, me cuidar, ler mais, escrever mais, sorrir mais. pensar menos.

pular da ponte é um conjunto de palavras que tem me ocorrido bastante. mas que ponte, mas que ponte. não tem ponte nenhuma, ainda bem, se tivesse, de certo eu pularia. sempre haverá as janelas, mas ah! janelas são tão sem graças que até já tem um nome... se defenestrar. defenestrar. defenestrar. analista de bagé. comunidade no orkut. sei lá. pular da janela não tem graça, por enquanto continuar por aqui até a tristeza passar (anda mais rápido ok eu tenho mais o que fazer) ponto

terça-feira, novembro 6

Cobaia 3

B - Tem certeza?
A - Sim. Tenho.
B - Mesmo?
A - Já disse que sim.
B - Eu sei que você já disse que sim, só queria estar completamente ciente de que é isso que você quer.
A - Tá.
B - É isso que você quer?
A - O quê?
B - Você sabe... Isso.
A - Ah... Isso.
B - É. Isso. E aí, você quer mesmo?
A - Claro que quero, por que não ia querer?
B - Vou saber, você é estranha.
A - Entre nós dois, pode ter certeza que a estranha não sou eu.
B - O que você quer dizer com isso?
A - Nada.

(...)

B - Por quê?
A - Por que o quê?
B - Por que você quer isso?
A - Não sei, eu só quero, tá legal?
B - Tá legal.

(...)

B - Só quer?
A - Hein?
B - Você só quer mesmo?
A - Só quero.
B - Será realmente que você "só quer"? Eu acho que tem outra coisa por trás disso.
A - Como assim?
B - Assim, eu não acho que seja só isso, como você diz.
A - Sim, essa parte eu entendi. Mas o que tem por trás disso?
B - Me diga você, é você quem o está escondendo.
A - Eu não estou escondendo nada.
B - Mentira.
A - Verdade.
B - Mentira.
A - Verdade.
B - Viu, você está escondendo, se não teria me dito o que era.
A - Não é nada!
B - Tudo bem, eu já entendi, não precisa me dizer se não quiser.
A - Ok.

(...)

A - Eu não estou escondendo nada.
B - Tá, tá.
A - É sério.
B - Sei.

(...)

A - Olha, eu não tenho nem porque esconder alguma coisa.
B - Eu não estou dizendo nada.
A - Não tenho nada a esconder.
B - Por mim tudo bem.
A - Sério mesmo, não tem nada por trás disso.
B - Certo.

(...)

B - Me diz uma coisa.
A - O quê?
B - Você é espiã ou alguma coisa do tipo?
A - Como?
B - Espiã... Aquelas pessoas que espionam, sabe?
A - Sei.
B - E aí, você é?
A - Espiã?
B - É!
A - Não, por quê?
B - Não mesmo?
A - Não.
B - Também, se fosse, você não me diria.
A - E por que não?
B - Você diria?
A - Ué, de repente...

(...)

B - Escuta só, eu não vou cair nessa de "se eu fosse eu contaria". Você é uma espiã e não quer me dizer.
A - Não sou.
B - Tudo bem você ser, acontece.
A - É, tudo bem, mas eu não sou.
B - Me prove.
A - Que eu não sou espiã?
B - Não, que você é uma galinha.
A - Ahn?
B - É, que você não é espiã. Me prove.
A - Ah tá.
B - Então, prove.
A - Espera aí, estou pensando.
B - Você pensa devagar pra uma espiã.
A - Mas eu não sou espiã.
B - Não fica querendo me enganar, figir que está pensando, ir no banheiro sair de fininho. Nada disso, agora eu já descobri, você é uma espiã e não tem nada que me faça mudar de opinião.
A - Olha cara, eu não sei o que está acontecendo, e nem da onde você tirou isso, mas eu não sou uma espiã.
B - Hehehe, tá, conta outra. Você não é espiã e eu sou um maniaco.
A - E o que tem de absurdo nessa frase?
B - Vamos fazer o seguinte: esqueça essa conversa, tá?
A - Perfeito. Outra solução melhor não teria.
B - Ótimo. Então isso nunca aconteceu.
A - Exatamente.
B - Isso.

(...)

B - Você vem sempre aqui?
A - Isso é uma cantada?
B - Depende, você quer que seja?
A - Céus! Não!
B - Não.
A - Não?
B - Não é uma cantada.
A - Que bom.

(...)

B - Hein?
A - O quê?
B - Você é sempre meio devagar ou é só hoje?
A - Eu não sou devagar.
B - Tá bom, então responde.
A - Responder...?
B - A pergunta.
A - Isso eu entendi.
B - Então por que não responde?
A - Porque...
B - Tá, eu perguntei se você vem sempre aqui.
A - Isso!
B - Isso o quê?
A - Não conseguia lembrar...
B - Não diga!
A - É... eu venho às vezes.
B - Que bom. É um lugar agradável, não?
A - Às vezes, às vezes...
B - Por que só às vezes?
A - Porque tem outras que não são agradáveis.
B - Eu perguntei o motivo.
A - Ah bom... porque sei lá, às vezes eu posso simplesmente ficar aqui sentada e tudo bem, já outras...
B - Se você diz. Mas eu gosto bastante daqui.
A - Que bom.
B - É bom mesmo.

(...)

B - Você vai ficar aqui o dia todo?
A - Não, já tava indo. Por quê?
B - Nada, só pra saber.
A - Tá bom.
B - Você não vai?
A - O quê?
B - Ir embora.
A - Daqui a pouco.
B - Tinha entendido que era agora.
A - Não. Mas pensando bem, vou indo.
B - Então tá.
A - Tchau pra você.
B - Tchauzinho. Até breve.
A - É... tchau.
B - Hei!
A - O quê?
B - Pode ficar tranqüila.
A - Com o quê?
B - Prometo não contar pra ninguém que você é uma espiã.